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  • Foto do escritorAndré Luiz Figueirêdo

Preocupar-se X Importar-se

Atualizado: 5 de ago. de 2023




Nos últimos dias, escutando e observando a mim mesmo e aos outros, me peguei pensando: se eu não me preocupo, significa que eu não me importo?


Da mesma forma que foi estabelecido que, se não estou sentindo estresse em qualquer nível, eu não estou produzindo, penso que já faz algum tempo que nos habituamos à compreensão de que, se não mobilizo a pessoa emocionalmente, provocando alguma resposta desconfortável (como apreensão, tristeza, indignação), ela não se importa comigo ou com que eu tenho a dizer.


No mundo acelerado e interconectado de hoje, tem se tornado cada vez mais comum as pessoas confundirem preocupar-se com importar-se. Preocupação envolve pensar constantemente sobre possíveis resultados ou situações negativas, o que pode levar à ansiedade, estresse e até medos irracionais. No entanto, dar importância a algo ou alguém vai além de apenas se preocupar. Envolve agir, mostrar empatia genuína e fazer uma diferença positiva na vida de alguém. O apoio emocional, a escuta ativa e o fornecimento de um espaço seguro para que os indivíduos expressem suas preocupações também podem ser formas poderosas de demonstrar que você se importa. Essas ações podem nem sempre ser visíveis para os outros, mas podem ter um impacto profundo no bem-estar e na felicidade daqueles de quem gostamos.


Uma das principais razões pelas quais as pessoas confundem preocupação com importância é a intensidade das mídias sociais e da comunicação instantânea. Com atualizações e notificações constantes, os indivíduos são bombardeados com notícias e informações, muitas vezes destacando eventos ou problemas negativos. Como resultado, as pessoas podem se sentir compelidas a preocupar-se excessivamente com esses problemas, confundindo essa preocupação com um importar-se genuíno. Eles podem compartilhar postagens ou comentários expressando sua preocupação, mas falham em tomar qualquer ação significativa para resolver o problema em questão.


Além disso, a cultura da "sinalização da virtude" também é responsável por essa confusão. Muitos indivíduos usam a mídia social como uma plataforma para exibir sua suposta importância a várias causas ou questões sociais. Eles podem postar sobre suas preocupações com o meio ambiente, injustiça social ou outros problemas globais, mas não conseguem se envolver em atividades do mundo real que possam causar um impacto tangível. Esse comportamento cria uma ilusão de cuidado, embora falte qualquer esforço substancial para provocar uma mudança positiva.


Além disso, a pressão para se adequar às expectativas da sociedade desempenha um papel significativo. Na sociedade de hoje, há uma expectativa subjacente de parecer atencioso e compassivo. Isso pode levar as pessoas a se preocuparem excessivamente com o bem-estar dos outros, mesmo quando suas ações não se alinham com suas aparentes preocupações. O desejo de ser visto como atencioso muitas vezes tem precedência sobre realmente fazer a diferença ou tomar medidas concretas para ajudar os outros e, então, o indivíduo perde-se dos seus verdadeiros sentimentos e percepções sobre algo, criando um distanciamento das próprias emoções.


De todo modo, a confusão entre preocupar-se e cuidar tornou-se mais prevalente na sociedade de hoje devido à influência das mídias sociais, à cultura da sinalização de virtude e à pressão para se conformar. Embora a preocupação possa ser uma resposta natural às aflições, é interessante diferenciá-la do verdadeiro importar-se, que envolve tomar medidas significativas para melhorar a vida dos outros - mesmo que não visível ou palpável aos seus olhos e vice-versa. Você não precisa demonstrar desconforto para que eu perceba que se importa. Se tivermos isso em mente, diversos conflitos podem ser evitados e nos relacionaremos de modo mais saudável.


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