Yoga e Psiquiatria são duas práticas que podem parecer muito diferentes à primeira vista. De modo geral, uma é uma prática psicofísica com especial atenção à presença na respiração, meditação e posturas físicas. A outra é uma especialidade médica que trata do diagnóstico, tratamento e prevenção de sofrimentos psíquicos intensos. No entanto, essas duas práticas têm mais em comum do que você imagina. Na verdade, elas podem se complementar muito bem e, juntas, podem fornecer uma abordagem mais abrangente da saúde mental. Acrescento, aqui, que um dos significados atribuídos à palavra em sânscrito "yoga" é "unir, ligar" e como podemos incluí-la na abordagem da saúde mental.
Nos últimos anos, a relação entre yoga e psiquiatria tem sido mais estudada do que nunca e há evidências crescentes de que os dois estão intimamente relacionados. Vários estudos exploraram a relação entre yoga e saúde mental. Uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados de 2013 descobriu que o yoga pode ser um tratamento complementar eficaz para depressão, ansiedade e Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Uma outra revisão sistemática de 2017 descobriu que o yoga pode melhorar os sintomas de esquizofrenia, transtorno bipolar e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Também há evidências de que o yoga pode ajudar com transtornos por uso de substâncias.
O mecanismo pelo qual o yoga melhora a saúde mental ainda não é totalmente compreendido. No entanto, algumas teorias sugerem que as posturas físicas e os exercícios respiratórios do yoga podem ativar o sistema nervoso parassimpático, que promove o relaxamento e reduz o estresse. O yoga também pode melhorar a autoconsciência e a autorregulação, o que pode ajudar os indivíduos a gerenciar melhor suas emoções e comportamentos.
Além de seus benefícios potenciais para a saúde mental, o yoga também pode ser benéfico para indivíduos com problemas de saúde física relacionados à saúde mental. Por exemplo, uma revisão sistemática de 2015 sugere que o yoga pode melhorar os sintomas da síndrome do intestino irritável (SII), comumente associada à ansiedade e à depressão. O yoga também pode ser útil para indivíduos com dor crônica, que pode ser um problema de saúde física e mental.
Incorporar yoga em um plano de tratamento de saúde mental também pode ter efeitos positivos. Por meio da prática regular de yoga, a percepção do próprio corpo, dos sentidos e da mente proporciona um autoconhecimento que pode auxiliar na autorregulação de sintomas de intenso sofrimento psíquico, como nos episódios ansiosos e depressivos. O ideal, no entanto, é que seja um recurso pessoal de prevenção, servindo ao tão buscado equilíbrio emocional. O yoga pode ajudar os indivíduos a se tornarem mais conscientes de seus pensamentos e emoções, o que pode ser útil na terapia. Esse aumento da autopercepção também pode ser benéfico no desenvolvimento de habilidades de enfrentamento, como atenção plena e regulação emocional, que podem ser usadas fora das sessões de terapia.
Além disso, os ensinamentos desta tradição milenar que é o Yoga tem um grande potencial para auxiliar a pessoa que busca ajuda em saúde mental a compreender melhor seu sofrimento. É uma das formas que incorporo o que aprendo no Yoga na minha clínica e costuma trazer o paciente para o protagonismo da própria história.
No entanto, é importante observar que o yoga não deve ser visto como um substituto do tratamento psiquiátrico tradicional. Em vez disso, deve ser visto como uma terapia complementar que pode ser usada em conjunto com medicamentos e psicoterapia.
Em conclusão, a relação entre yoga e psiquiatria é uma área promissora de pesquisa. Embora sejam necessários mais estudos para entender completamente os mecanismos pelos quais o yoga melhora a saúde mental, há evidências crescentes de que pode ser um tratamento complementar eficaz para uma variedade de condições de saúde mental. Com mais pesquisas e integração aos cuidados psiquiátricos tradicionais, o yoga tem potencial para se tornar uma ferramenta importante para promover a saúde mental e o bem-estar.
Olá Dr. André! Que conselho ou di vocé daria para uma pessoa começar a fazer Yoga?