top of page
Buscar

Preguiça e Desinteresse.

Foto do escritor: André Luiz FigueirêdoAndré Luiz Figueirêdo

Atualizado: 26 de jan.




Algumas vezes, nos últimos anos, foi-me perguntado o porquê de eu não ser muito presente no mundo virtual. Então, passei a compartilhar, na internet, algumas ideias combinadas a experiências vividas que, por um certo desejo de comungar, considerava coletivas demais para não serem vistas por outras pessoas.


Depois de algum tempo, percebi um desinteresse quase palpável e que inicialmente me assombrou, porque veio acompanhado com o juízo de valor que eu mesmo atribuí: o de preguiçoso. E isso trouxe à tona uma questão intergeracional: onde começa a preguiça e termina o desinteresse?


Tenho a impressão de que vivemos um momento em que o apagamento de uma determinada chama é problematizado e os mais jovens passam a sentir-se desvalorizados, improdutivos e, até mesmo, irresponsáveis ou imaturos. Mas essa construção não é exclusiva desse sujeito. Ela vem empurrada pela grande mão opressora do capitalismo tardio e do emprego das mídias sociais como determinadores da massificação de uma cultura, com seus conceitos, valores e, portanto, cobranças que, à primeira vista, parecem impermeáveis a questionamentos.


Mais recentemente, voltei a dar uma "olhadinha" no LinkedIn e percebi que não era preguiça, mas, sim, desinteresse em participar desse fenômeno no momento. Vai além de não sentir que preciso ser visto para ser lembrado ou valorizado. Não tem ver com autoestima ou sensação de segurança profissional. Muito menos com o fato de desaprovar o modo de uso da rede pelos colegas com quem estou conectado. É interesse - ou, no momento, a ausência dele. E a ausência de interesse é uma característica, não significa desejo de aniquilação. Ao mesmo tempo que patologizá-la o tempo todo é um erro. Uma vez constatada, perceba como isso não anula o interesse por outras experiências que, talvez, já estejamos vivendo - sem saber.


Nem toda ausência é uma falha,


André.

Comments


bottom of page