(Scroll down for the English version).
Algumas vezes, nos últimos anos, foi-me perguntado o porquê de eu não ser muito presente no mundo virtual. Então, passei a compartilhar, na internet, algumas ideias combinadas a experiências vividas que, por um certo desejo de comungar, considerava coletivas demais para não serem vistas por outras pessoas.
Depois de algum tempo, percebi um desinteresse quase palpável e que inicialmente me assombrou, porque veio acompanhado com o juízo de valor que eu mesmo atribuí: o de preguiçoso. E isso trouxe à tona uma questão intergeracional: onde começa a preguiça e termina o desinteresse?
Tenho a impressão de que vivemos um momento em que o apagamento de uma determinada chama é problematizado e os mais jovens passam a sentir-se desvalorizados, improdutivos e, até mesmo, irresponsáveis ou imaturos. Mas essa construção não é exclusiva desse sujeito. Ela vem empurrada pela grande mão opressora do capitalismo tardio e do emprego das mídias sociais como determinadores da massificação de uma cultura, com seus conceitos, valores e, portanto, cobranças que, à primeira vista, parecem impermeáveis a questionamentos.
Mais recentemente, voltei a dar uma "olhadinha" no LinkedIn e percebi que não era preguiça, mas, sim, desinteresse em participar desse fenômeno no momento. Vai além de não sentir que preciso ser visto para ser lembrado ou valorizado. Não tem ver com autoestima ou sensação de segurança profissional. Muito menos com o fato de desaprovar o modo de uso da rede pelos colegas com quem estou conectado. É interesse - ou, no momento, a ausência dele. E a ausência de interesse é uma característica, não significa desejo de aniquilação. Ao mesmo tempo que patologizá-la o tempo todo é um erro. Uma vez constatada, perceba como isso não anula o interesse por outras experiências que, talvez, já estejamos vivendo - sem saber.
Nem toda ausência é uma falha,
André.
__________________________________________________________________________________
Over the past few years, I have often been asked why I am not very present in the virtual world. So, I started sharing, on the internet, some ideas combined with interesting experiences that, out of a certain desire to share, I considered too collective not to be seen by other people.
After some time, I noticed an almost palpable lack of interest that initially surprised me, because it was accompanied by the value judgment that I myself attributed: that of attention. And this brought up an intergenerational question: where does laziness begin and disinterest end?
I have the impression that we live in a time in which the extinguishing of a certain flame is problematized and younger people start to feel devalued, unproductive and even irresponsible or immature. But this construction is not exclusive to this subject. It comes pushed by the great oppressive hand of late capitalism and the use of social media as determined by the massification of a culture, with its concepts, values and, therefore, demands that, at first glance, seem impervious to questioning.
More recently, I took a look at LinkedIn again and realized that it wasn't laziness, but rather a lack of interest in participating in this phenomenon at the moment. It goes beyond not feeling like I need to be seen to be remembered or valued. It has nothing to do with self-esteem or a sense of professional security. Much less with the fact that I disapprove of the way in which the colleagues I am connected to use the network. It's interest - or, at the moment, the lack of it. And the absence of interest is a characteristic, it does not mean a desire for annihilation. At the same time, always pathologizing is always a mistake. Once this is confirmed, notice how this does not cancel out the interest in other experiences that, perhaps, we are already living - without knowing it.
Not every absence is a failure.
André.
ความคิดเห็น