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O gatilho emocional, as munições e o disparador.

Foto do escritor: André Luiz FigueirêdoAndré Luiz Figueirêdo


Nas redes sociais e nas conversas do dia a dia, tem sido comum o emprego do termo "gatilho" para caracterizar qualquer estímulo que tenha a capacidade de infligir algum tipo de desconforto emocional. Isso é muito claro.


O que não sabemos exatamente é como o termo surgiu e passou a ser adotado tão amplamente. Com o minimo de reflexão a respeito, entendemos que se trata de uma referência bélica.

No século 20, no contexto de soldados sofrendo com o que mais tarde seria diagnóstico como Transtorno do Estresse Pós-Traumático, apresentando diversos sinais e sintomas ao retornar de guerras, parece que o termo "gatilho" passou a ser utilizado para associar os eventos disparadores ao estado emocional desses indivíduos.

O gatilho emocional seria, então, um estímulo específico capaz de desencadear uma resposta emocional forte em uma pessoa que vivenciou uma experiência traumática.


Aqui, eu trago uma definição de trauma não somente como o evento que vivi ou testemunhei, mas uma que inclui as emoções e sensações processadas e também as não elaboradas durante e após o evento.

O gatilho pode ser qualquer característica associada ao evento traumático, como som, cheiro, palavra, ou mesmo uma pessoa, um local ou uma situação particular.

Na lógica bélica, o gatilho faz parte do sistema interno de uma arma de fogo. Portanto, uma munição seria disparada ao apertar do gatilho. E qual seria essa munição?


A munição se refere às vulnerabilidades emocionais ou psicológicas de um indivíduo. Tais vulnerabilidades, enquanto munições, podem ser resultados de trauma passado, emoções não processadas ou questões não resolvidas.

Então, quando alguém aperta o gatilho, o que é disparado são essas vulnerabilidades, atingindo emoções de difícil regulação pelo próprio indivíduo.

Portanto, já temos aqui: gatilho, munição e alvo. Mas quem segura essa arma e aperta o gatilho?


Nós mesmos. Sim, nós mesmos seguramos a arma e aperto o gatilho. Isso significa que a história emocional e a reação internas são comandadas involutariamente por nós mesmos.


Na maioria das vezes, nem percebemos que estamos reagindo de acordo com o repertório emocional que temos e é aí que trago à tona a importância de nos conhecermos bem.


O objetivo de uma abordagem trauma-informed é auxiliar indivíduos a entender melhor seus gatilhos e munições, criando ferramentas que auxiliem a lidar com as emoções desconfortáveis acionadas.


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